"E, no entanto, ele morreu, sem ter entrado na terra prometida."
(Ulisses, J. Joyce, pág.161)
www.alhuresenenhures.blogspot.com me amaldiçoou e no fim do ano não dá para brincar. (Na verdade tudo desculpa, eu gostei da brincadeira inútil)
As regras:
1 - procurar um livro próximo;
2 - abri-lo na página 161;
3 - procurar a quinta frase completa;
4 - postá-la no seu blog;
5 - não escolher a melhor frase nem o melhor livro;
6 - repassar a outros cinco blogs.
repassando: Julia W., Bebel, Julia N., Diogo R. e Bruno P. Recado dado, divirtam-se!
quarta-feira, dezembro 26, 2007
domingo, dezembro 02, 2007
Só nikof
Os ombros carregados, encolhidos porque pesados, tensos. Passou em frente à padaria com cheiro de pão fresco, arregalou os olhos famintos para a vitrine, mas sovina seguiu adiante. O sentimento do peso nos ombros era o mesmo do gosto ruim na boca, só que em outra forma física.
Andava com casacos puídos, às vezes gostaria de ter novos mas não havia espaço para pensar nisso naquele momento. As coisas tolas tornavam-se ainda mais insignificantes no vazio absoluto. Queria um banho, um conhaque, coisas que aquecem o corpo e talvez fizessem com que os ombros abaixassem um pouco.
Era esse o tudo em que conseguia pensar. Nos próximos minutos. Não havia a possibilidade de encasquetar de pensar no futuro. Futuro é coisa de rico. Nas próximas horas procuraria tomar um banho quente, deitar e ler um pouco se calhasse de concentrar.
Tentava voltar à rotina, o coração não permitia. Não parava de falar-lhe para tomar uma atitude, drástica que fosse. Os carros passavam, as motos também. No fim da rua continuava a aparecer um pouquinho de céu, como todos os dias antes que resolvessem contruir mais um prédio ali que então taparia o restinho de horizonte.
Pela manhã o despertador tocou no mesmo horário, oito e trinta. De novo não levantou. Só abriu os olhos e fitou o teto com as mãos em cruz sobre o peito. Ficou um tempão nesta posição pensando, claro. Desejava que fosse mais fácil transformar pensamento em ação, mas preferia dormir mais. Continuar assim era melhor do que piorar afinal.
Fez um chá porque café fazia mal, diziam. E também dava mais trabalho. Não tinha biscoitos. Colocou Janis Joplin para tocar bem alto. Ela era boa porque era desesperada e independente como ele queria ser. Quem via, pensava (que ele era). Independente é tão diferente de sozinho no mundo. A solidão dele era tanta que tomava conta do outro. Só, o outro caminhava afastado, fora dali, engolido por ela. Nada de andar de mãos dadas.
Ele queria andar de mãos dadas. Era isso.
Andava com casacos puídos, às vezes gostaria de ter novos mas não havia espaço para pensar nisso naquele momento. As coisas tolas tornavam-se ainda mais insignificantes no vazio absoluto. Queria um banho, um conhaque, coisas que aquecem o corpo e talvez fizessem com que os ombros abaixassem um pouco.
Era esse o tudo em que conseguia pensar. Nos próximos minutos. Não havia a possibilidade de encasquetar de pensar no futuro. Futuro é coisa de rico. Nas próximas horas procuraria tomar um banho quente, deitar e ler um pouco se calhasse de concentrar.
Tentava voltar à rotina, o coração não permitia. Não parava de falar-lhe para tomar uma atitude, drástica que fosse. Os carros passavam, as motos também. No fim da rua continuava a aparecer um pouquinho de céu, como todos os dias antes que resolvessem contruir mais um prédio ali que então taparia o restinho de horizonte.
Pela manhã o despertador tocou no mesmo horário, oito e trinta. De novo não levantou. Só abriu os olhos e fitou o teto com as mãos em cruz sobre o peito. Ficou um tempão nesta posição pensando, claro. Desejava que fosse mais fácil transformar pensamento em ação, mas preferia dormir mais. Continuar assim era melhor do que piorar afinal.
Fez um chá porque café fazia mal, diziam. E também dava mais trabalho. Não tinha biscoitos. Colocou Janis Joplin para tocar bem alto. Ela era boa porque era desesperada e independente como ele queria ser. Quem via, pensava (que ele era). Independente é tão diferente de sozinho no mundo. A solidão dele era tanta que tomava conta do outro. Só, o outro caminhava afastado, fora dali, engolido por ela. Nada de andar de mãos dadas.
Ele queria andar de mãos dadas. Era isso.
Assinar:
Postagens (Atom)