quarta-feira, novembro 29, 2006

Media Markt

É meu paraíso do consumo Adoro entrar e ver todos os cabos com as mil saídas wirefire possíveis, carregador de pilhas a dois euros, canetas prateadas para escrever em DVD, DVDs, máquina de capuccino!, mini-mac, ipods mil!... Uma loucura.
Só nao saio de lá deprimida porque fico sempre com raiva daqueles vendedores extremamente alemaes, grossos!
Hoje eu fui trocar um cabo. Cheguei lá e era só trocar um tipo de cabo firewire entrada dv por outro entrada 6p. Subi direto para a secao cabos. Chegando lá, falei com a simpática vendedora: - Por favor, queria trocar esse cabo por esse. - Como assim você entrou na loja com mercadoria sem avisar lá embaixo? Eu bem que tinha visto o aviso, mas ignorei pensando cariocamente ´ah, fala sério parar pra avisar que eu tenho um cabo na bolsa?!´
Na minha terra cliente tem sempre razao. Ainda mais com a nota do produto na mao. Sem alterar o tom de voz como fazia a minha interlocutora, falei: - Realmente, nao avisei - como se fosse a coisa mais normal do mundo. (e é, nao?)
Para a mulher tratava-se de um bicho de sete cabecas. Ela irritadinha mexia no coputador e eu do lado. Ela ficava cada vez mais irritada perante a minha calma.
De repente, ela se vira para mim e fala, você pode por favor dar um passo para trás e se portar atrás da bancada. Nao me agüentei. Dei um passo para trás igual a um soldado. Só faltei falar Hei, Hitler mas aí eu iria contra até os meus próprios princípios de tentativa de integracao.
Dei um risinho maroto, daqueles assim só pra dar uma alfinetada e peguei meu cabo. Essa terra sofre de problema de mulheres mal comidas...

segunda-feira, novembro 27, 2006

Faltou homenagear a punk!

Essa é a Trisch que fez ela mesma, uma punk de Berlin, no curta.



domingo, novembro 26, 2006

Beim Drehen



SENHORA DE SI

As filmagens do curta terminaram. Restou-me a sensação que muitas vezes me acomete nesses casos: uma mistura de alívio com gostinho de quero mais. Sei lá, um sentimento de missão cumprida. Ledo engano porque a edição ainda vem por aí e é a parte mais dolorosa. Mas pelo menos por hoje estou feliz!
Feliz porque mesmo com uma equipe de só quatro pessoas e fazendo o trabalho de roteirista-diretora-técnica de som-produtora-pega lá no carro–figurante-etc, consegui filmar em Berlim! E foi muito bom registrar um pouco dos cantos por onde ando aqui.
Hoje começamos o dia com uma cena em que Alice pisa em ovos.
Fomos até o Mauerpark e em frente ao Max-Schmelling-Halle, tiramos os cerca de 90 ovos das bolsas e espalhamos pela rua por onde Alice passaria. Só que num domingo de outono com 14 graus, todas as crianças berlinenses foram ao parque. Recebemos ajuda de um casal, menina loirinha de seis e ruivinho de sete para limpar a calcada depois da cagada dos ovos pisados. Mas quem mais se divertiu mesmo foram os adultos sentados no bar em frente. Bebiam, riam e não paravam de fazer comentários e espezinhar a Mayra, quer dizer, Alice.
Depois, na Boxhagener Straße foi lindo! Hoje o Flohmarkt estava especialmente cheio de coisinhas bonitas! É definitivamente meu programa preferido em Berlim. Como fico feliz de ver tantas coisas com cores de outras épocas! Berlinense adora um artigo de brechó. Quanto mais história melhor. Não importa se a roupa tem um rasguinho. Marcas de uma vida bem vivida. Admiro esse sentimento. Aqui nada se perde, tudo se transforma. Hoje arrematei uma touca com uma flor que há tanto tempo eu estava querendo. Também contribuiu com meu bom humor de agora.

sexta-feira, novembro 24, 2006

terça-feira, novembro 21, 2006

Na balanca


Eu e um amiga brasileira com um carro emprestado e carteira de habilitacao vencida, saímos felizes para andar numa cidade onde nao conhecemos os caminhos direito. Era um lindo dia de chuva.
Paramos num posto de gasolina ao lado do tanque de álcool, mas o carro era a gasolina. Por que nao simplesmente puxar a mangueira para perto do carro?! Depois de quase estourar de tanto que ficou esticada, ela chegou até o carro. Enrolacoes à parte, saímos do posto indignadas.
Como num país que tem um carro a cada dois habitantes nao dao a um frentista o devido valor? Cultura self-service... Grrr!
Do outro lado, assumo que somente agora consigo enxergar a real importância de uma chapelaria e de uma loja só de meias.

Os dias essa semana transcorrem com muita agonia. Todos os preparativos para o curta.
Na foto, cinema que nao é para qualquer um...

sexta-feira, novembro 17, 2006

quinta-feira, novembro 16, 2006

Pisando em ovos

No som: Chelsea Girl, Nico - o álbum todo é bom.

Será que chega um dia em que nao pisamos mais em ovos em sociedade nenhuma? Quando o nível de auto-seguranca é tao grande que nos faz ultrapassar os medos e incertezas que tomam conta da gente num lugar estranho? Se sim, espero estar viva para vivê-lo, este dia.

É muito boa a sensacao de saber com toda certeza quando você pode mandar alguém tomar no cu e quando você pode dizer que ama. Nao é só o instinto que comanda essas coisas. As diferencas culturais falam alto até nessas horas. Nunca se sabe se o tipo fez isso ou aquilo porque ele nao quer ou quer muito você ou se ele agiu da maneira que agiu porque é o código comum.

Confuso.

Übrigens: meu espanhol melhora a cada dia. Nunca vi tanto espanhol junto.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Stammclub DUNCKER

Qual é a tua? Ta beleza?
Nem em 20 anos de Berlin vou conseguir traduzir essas expressoes. Simplesmente impossível.

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Aqui as pessoas jogam xadrez na noite

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E dancam muito empolgadas ao som de qualquer coisa dos anos sessenta. Oh povo nostálgico!

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Aqui você é convidada ao museu de antigüidades bizantinas na noite.

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domingo, novembro 12, 2006

O que o frio nao faz

Há duas semanas atrás, Alice: - Esses alemaes sao mesmo neuróticos! Chegam na estacao um minuto antes do trem, TODOS sabem exatamente os horários.Nunca vou conseguir decorar!
Hoje, alguns graus a menos depois, na casa da Alice: - Ana, vamos correndo porque o próximo trem é à 01:14, o outro só 01:39!
Como Alice?

sexta-feira, novembro 10, 2006

Excecao

É estranho escrever excecao assim sem cedilha e tio, parece outra palavra, mas realmente desisti de configurar o teclado alemao até que alguém me ensine.
Porque brasileiro que vive no exterior é tudo meio esquisito. "Tem uma esquizofrenia identificável!" - palavras do pernambucano mais inglês que eu conheco, um verdadeiro lorde.
Considero-me e (em-me, por favor) uma excecao, com tio e cedilha.

quarta-feira, novembro 08, 2006

filmesfilmesemaisfilmes

Hoje eu vi tantos, mas tantos filmes que chego a estar zonza. Saí no meio da última sessao - coisa que eu nao costumo fazer por pura mania de querer ver tudo até o final, mesmo que esteja péssimo - porque foi demais.
Sete curtas numa sessao nao é para qualquer um. Porque assistir a sete curtas nao é a mesma coisa que assistir a um longa. A duracao pode ser a mesma, mas o impacto que sete filmes te causam é diferente do que o de um. Precisamos nos acostumar à linguagem de cada filme para comecar a entendê-lo. Se forem sete curtas muito bons entao, saio do cinema com aquela sensacao que neutraliza (aquela causada pelos filmes muito bons!!) vezes sete.
Com as pernas formigando, cá estou depois de um dia cansativo. Mas preciso muito escrever algumas coisas antes de dormir. Isso está virando mania.
Preciso comprar discos da Nina Simone, porque os da Lu ficaram com a Lu, é claro, e eu nem sequer copiei. Todas as músicas da Nina Simone me lembram tardes tranqüilas na sala, fumando um cigarro e papeando no Jardim Botânico.
Preciso rapidamente escrever sobre a história do Tolstoi que eu acabei finalmente de ler. MUITO angustiante. Tenho a impressao que os russos, a julgar pela literatura, sao os seres mais tough do universo. Deve ser o frio. Quem sobrevive àquele frio deve ser mesmo meio mutante.
Sobre o curta... melhor nem comentar se nao nao consigo dormir.
A propósito: hoje os melhores foram os curtas de terror. Espanhóis arrasando.

Interfilm

Amigo nao se conhece, se reconhece. É impressionante como com algumas pessoas essa teoria procede. Tem gente que a gente encontra e cinco minutos depois parece que é amigo de infância. Muito bom quando rola essa empatia de cara.
Fiz alguns bons amigos ontem. Engracado falar assim, mas sei que sao daqueles que pode passar o tempo, mudar tudo na minha vida que quando encontrá-los de novo, estarao ali para mim. Foi nesse novo trampo, o festival de curtas internacional aqui de Berlim da Interfilm. Apesar de alguns falarem espanhol, outros português, francês, inglês, alemao, italiano, falávamos todos a mesma língua.
A abertura do festival foi divertida. Para os padroes alemaes, um estrondo! É o maior festival que já vi - está fazendo 22 anos e sao mais de 400 curtas. Parece que maior do que ele aqui, só a Berlinale.
A festinha de abertura, depois de ter ficado esperando todos os brasileiro chegarem no hotel e dar credencial e tal foi no Volksbühne, um teatro lindo na nao menos tradicional Rosa-Luxemburg Platz. Me sinto em outro planeta nesses lugares que de tanta tradicao tem uma aura sublime! O teatro estava lotado. Numa cidade como essa que tem 700 opcoes de programacoes culturais por dia, quer dizer que o festival deve valer alguma coisa.
Os curtas escolhidos para abrir o festival foram bem heterogêneos e bacanas. Só achei estranho ter tanta animacao - parece mania por aqui. As animacoes do Bruno Bozzeto sao o máximo, adorei. E um filme mexicano chamado "O Leite e a Vaca" é lindo, certamente um dos melhores curtas que já vi. Acho que foi o que eu mais gostei (na vida!). Nao lembro o nome do diretor, infelizmente.
A única coisa chata e também muito chata da abertura foi o MALA do apresentador que parecia estar querendo fazer stand-up comedy, só que o inglês dele era péssimo e as piadinhas de MUITO MAU GOSTO. Quem contratou esse cara? No palco também estava o diretor do festival, que também fazia piadinhas, mas as dele eram engracadas. Fiquei com muito ódio do apresentador - acho que ninguém agüentava mais ele. Ele comecou o discurso assim: "Here in the poor, but sexy Berlin, we present you the 22. Interfilm Shortfilm Festival"
Nao mereco!

Depois para aplacar a raiva, vinho, champagne, cerveja.... liberados. Papos bem animados. Fui embora cedo porque acabei que fnao fui de bike e depois ia ter que esperar horas pra pegar o tram, resolvi voltar na hora que o metrô ainda funcionava.

segunda-feira, novembro 06, 2006

Eu amo tudo o que foi
tudo o que já nao é
A dor que já me nao dói
A antiga e errônea fé
O ontem que dor deixou
O que deixou alegria
Só porque foi, e vôou
E hoje já é outro dia
Fernando Pessoa, 1931

domingo, novembro 05, 2006

Berliner Nacht

Arrisco a dizer que a noite de Berlim é a melhor da Europa. A mais doida com certeza. A cidade tem mais de 150 clubs fora aqueles dos quais nao se vêem nem tijolinho no jornal, porque nao é cool ser divulgado. Além das festas divulgadas por sms a partir das 23h nas casas e fábricas abandonadas para nao ter perigo de fiscalizacao.
Mas nao é só isso. Aqui se vêem figuras que parecem que desceram uma escadinha dos anos 60 diretamente para a noite. Ontem tinha um cara que só podia ter aberto o armário de um dos Rolling Stones há quarenta anos. E também deve ter contratado o mesmo cabeleireiro.
Tinha também um sujeito dread loiro com as pupilas cobrindo todo o lindo olho azul que ele parecia ter, gritando MDMA! MDMA! na porta dos banheiros - que já nao se diferenciavam mais entre feminino e masculino.
E a noite de Berlim é mais uma prova de que o mundo é muito pequeno. Encontrei um sujeito da Geórgia, aquele país do leste de 6 milhoes de habitantes, ex- URSS...., que já foi namorado de uma conhecida minha que mora há 15 anos em AMSTERDA! Pode? Foi na casa dela que eu passei 15 dias há dois anos. Achei inacreditável!

..... Nem tudo as câmeras podem registrar.......

sábado, novembro 04, 2006

sexta-feira, novembro 03, 2006

Cores do outono


Tempos de fartura



Visita de pai podia acontecer uma vez por mês!
Deliciosos dias e noites!
Saudades....
Essas fotos foram no "Macheroni", no Helmut Holz Pltaz, do lado de casa.



quinta-feira, novembro 02, 2006

Clima invernal

O pragmatismo desse povo me assusta, provoca fenômenos em massa. Hoje, às 7h30 da manha, saio de casa já com meu Winterjacke, fazia -1 e caía uma rala neve em pleno outono. Penso: ok, o inverno aos poucos se aproxima.
Quando o S-Bahn chega, levo um susto; parecia 175 na hora do rush, quase que fiquei pra fora e tive que esperar o outro trem, como fizeram várias pessoas, porque alemao pelo menos finge que é gentil sendo civilizado. Estava já me sentindo uma sardinha em lata sem entender nada do porquê daquela lotacao, vem um alemao correndo, todo solícito, gentilmente implorando para a massa se esmagar um pouco mais porque ele precisava ir para o aeroporto. Entrou no trem com a mala na cabeca e assim ficou. Engracado isso de ficar dando satisfacoes públicas para os outros.
Entre fedores indianos, turcos e alemaes, eu pensava que diabos deveria ter acontecido. Eis que me vem a luz! Abandonaram-se as bicicletas! Uma pena, porque é um charme de Berlim. Os ciclistas agora estao nos trens e metrôs. Logo agora que eu arrumei uma mamata para trocar a minha bicicleta modelo masculino "segunda-guerra" por uma feminina no Flohmarkt no próximo domingo. Acho que vou me poupar trabalho e deixar para trocar no início da primavera!...
Depois de mais essa experiência antropológica, cheguei a uma ótima conclusao: o pragmatismo do alemao nao permite gerúndio. Aquela mania de brasileiro de dizer que está indo, aqui nao rola. Entao para que esse tempo verbal na língua? Nunca pensei que fosse sentir tanta falta de gerúndio.

quarta-feira, novembro 01, 2006

Tudo ou qualquer coisa

Nada é bom de ressaca!
(licao do dia)