domingo, dezembro 31, 2006

tempos de objetivar

2006 está acabando. Pensando um ano parece curto mas quando olho para trás e vejo quanta coisa pode ser feita em 365 dias me surpreendo com o tamanho de um ano.
Aproveitando a onda retrospectiva, hora de tracar alguns objetivos. Em 2007... Bem, continuar aproveitando produtivamente o tempo livre. E botar para frente, tirar do papel alguns projetos. Não é tão difícil.
Essas são as resoluções palpáveis, que eu em certa medida posso dominar. Mas quero mesmo me deixar surpreender e continuar colecionando histórias pra narrá-las.
Objetivos mais pontuais e que podem ser divulgados:
- Ficar amiga do jamaicano dread negão que mora na janela em frente e me dá tchau todas as manhãs de sol, quando ele, tadinho, vem tentar um bronzeado.
- Experimentar novas receitas e aperfeiçoar os conhecimentos sobre vinhos europeus.
- Não se apaixonar loucamente por qualquer um.
- Entrar na aula de moderno, yoga, qualquer coisa que movimente!
- Escutar mais do que falar.
- Fazer o tal do curso de efeitos especiais.
- Investir em tecnologias.
- Escrever e filmar.

Falei. É bom que depois posso me cobrar ser cobrada! Sucesso para todos. Andem com gente do BEM!

terça-feira, dezembro 26, 2006

O filme!

Feinho como a baixa resolucao do You Tube permite, mas aí!

sábado, dezembro 23, 2006

Lado bom daqui

Muitos sonhos confusos, aquele velho sentimento de nao pertencimento que me persegue e perseguirá a vida toda, acho. No fundo eu gosto de nao pertencer.
Os dias têm sido calmos até demais. Fora uma ou outra coisa esquisita que acontece como o jantar de despedida do chefinho no japonês. Chefinho é daqueles alemaes arianos orgulhosos de morarem em Berlim, com passado OST (lado oriental da cidade) e uma certa raiva do capitalismo. Só se veste de preto. E faz filmes com longos planos-planos, sim, planos estáticos de um minuto seguidos um do outro. Inacreditável. Talvez um movimento lento para contestar a velocidade da contemporaneidade. Nao sei. Ficava tentando teorizar o trabalho do cara para nao dormir na ilha de edicao.
O caso é que sexta-feira foi meu último dia nesse trampo estranho. E já estava combinado desde o início da semana que sairíamos para jantar. Para nao dizer que só reclamo dos alemaes, planejar as coisas tem um lado legal que é o da expectativa. Nessa situacao, a dele. Porque a minha era a de ter que fazer sala para alguém que só fala de cinema e de vez em quando rápido demais. E que como todo alemao tem muitas certezas sobre essa vida incerta.
Lá fui eu beber gim tônica no japonês. No fim da noite, ele falava, falava, falava e eu só pensava na vídeo-locadora e na barra de chocolate que me esperava em casa.
Acabei pegando um do J. Cassavetes e outro do C. Chabrol e nao consigo imaginar fim de noite mais feliz! (leia-se dessa noite!!!)
Outra coisa boa da cultura alema é o valor da palavra. Falou está falado, pao, pao, queijo, queijo. Se o cara fala que vai te ligar, pode ter certeza que vai, se nao ele falaria na lata que nao vai. É um método meio duro mas nao desperta esperancas onde elas nao devem existir. E é muito bom ter a certeza de receber um telefonema. Acaba com aquelas agonias na barriga típicas de affairs cariocas.

Em momentos como esse queria ser alema para ter toda a minha vida planejada... Nao to mais vendo graca no espontâneo!

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Humor alemao

Acordar com o friozinho lá fora nao é mole. Tomar esporro antes das dez entao acaba com o dia. Calmamente saía de casa e, como sempre – ansiosa atrás de notícias que sou – abri a caixa de correspondências. A mulher dos correios a quem eu acabara de dar bom dia, pára ao meu lado. „Por que você nao retira o Grunwald daí?“ Eu explico que é o nome da proprietária e que várias contas ainda chegam no nome dela. Ela esbraveja „que nao é assim que as coisas funcionam, que o meu nome deve estar dentro da caixinha e o dela fora“. Sermao de quinze minutos ininterruptos. Dou ok, feliz natal e comeco meu dia.

Pego a bike e mais uma invasao. O DB (Die Bahn), empresa dos transportes públicos aqui da Alemanha, com uma nova estratégia de marketing: pendurar bilhetinhos de tickets promocinais nas bicicletas. O aquecimento global este ano está retardando o uso dos metrôs pelos ciclistas. Eu quero mais é que esse aquecimento global continue vingando por aqui e causando, como dizem os jornais, a entrada de inverno mais quente dos últimos 1300 anos.
Os berlinenses nao se conformam. Falam que „pagaremos caro por esse calor“. Resta-me rir.
E curtir o calorzinho de 5 graus de bike por aí.

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Essa coisa, sabe como é.

Entre, seja bem-vindo.
Entre e peca para ouvir uma música e tomar um conhaque na noite fria.
Peca para eu soltar os cabelos e acender o abajour de luz amarela.
Acender também aquela vela bonita esquecida na estante alta.

Conte-me casos da vida, de como é talentoso.
Dos lugares que visitou, dos personagens que admira.
Das músicas que ouve, das caminhadas sem rumo observando as ruas.

Do dia em que foi ao cinema e se masturbou.
Da manha em que fez o café mais gostoso.
De quando experimentou crack numa esquina cinza de Sao Paulo.
Do mergulho no mar mais azul.

Pergunte-me dos livros que leio.
Dos meus amigos e gostos.
Vá fazendo perguntas, deixe-me tagarelar.
Tire o pouco de cabelo que cai à frente do meu olho direito.

Saia antes que me canse.
E prometa voltar. Mesmo que nao volte mais.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Adrenalina urbana

Metropole addicted. Será que existem? Se sim, sou um deles. Adrenalia na verdade é sempre comigo. Mas essa busca insaciável por adrenalina urbana nao me larga. Comecei a perceber outro dia e só agora dou conta de assumir que realmente nao sou de mar nem de montanha, mas de skyscrapers. Só pode ser isso que ainda me faz manter-me em meio a esse caos das grandes metrópoles: vício.
Hora-limite do dia-limite para entregar a inscricao da faculdade. Adoro desafios!
Vou dormir às seis da manha depois de passar a noite inteira queimando dvds. Acordo às 8h do dia-limite ligando o computador. Corro como uma louca pela rua armada com o lap até chegar à gráfica - inferno na terra. Servicos aqui na Europa sao todos self-serice. Um saco. Depois de fazer a revolucao na gráfica pentelhando os atendentes com o mau-humor típico das manhas escuras do inverno berlinense, encontro uma outra louca de lap ligado na gráfica, gritando com um dos caras. Nos identificamos, ela também estava na hora-limite do dia-limite pra entregar a inscricao no mesmo curso que eu. Nao preciso nem dizer que daquele momento em diante estávamos unidas. Viramos melhores amigas na luta contra os inimigos - atendentes da gráfica. Eu tinha que cortar as capas dos DVDs com uma máquina que os caras largaram na minha mao. Como assim? Eu nunca usei máquinas de cortas capas de dvds antes! E tenho menos de meia hora para sair daqui correndo. Lá foi a menina me ajudar, fofa! Enquanto ela cortava porque eu tremia e nao tinha condicoes de alinhar a imagem no cortador, eu colava as fotos dela na inscricao.
Depois do sufoco na gráfica, fui tirar as fotos porque sempre deixo tudo pra última hora. Já era 12h30 e eu tinha que estar às 14h do outro lado da cidade. Oh Gott! Entrei na primeira loja de foto que vi pela frente. Um asiático. Hunf. No desespero eu nao perguntava o preco de nada mais. Tira uma foto minha logo meu filho. O japa, coreano, sei lá, o fez e levou depois uns bons cinco minutos no photoshop me "ajeitando" e eu tentado ser delicada falando que TANTO FAZ COMO EU SAÍ, EU QUERO A FOTO!!! E ele brigando comigo dizendo que o servico dele era assim, tinha que passar por aquele processo se nao ele nao entregava o produto. Era melhor deixar quieto antes que eu comecasse a discutir em alemao com um cara que fala japonês ou coreano achando que ta falando alemao.
Os ponteiros correndo. Impressionante como o desespero desinibe. Entro numa papelaria e peco uma caneta de escrever em cd emprestada sem o menor pudor.
No metrô, dentro do vagao vazio ando de um lado ao outro. E ainda consegui chegar na Dffb - tal da faculdade - meia hora antes da hora limite. Que alívio!
Saio de lá em jejum direto pra tomar café da manha às duas da tarde: cervejinha por favor!

segunda-feira, dezembro 11, 2006

--Desenvolvi a habilidade de fazer ovo cozido três minutos e meio sem olhar no relógio--

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Filosofia em alemao

Contrariando Caetano que canta que só se pode filosofar em alemao, estou às voltas com esse probleminha. De entender filosofia em alemao.
Volto agora do trabalho em que passei algumas horas em frente ao monitor assistindo a filósofos contemporâneos alemaes falarem sobre Nietzsche – o personagem-tema do documentário.
Os caras falam poeticamente; escolhem bem as palavras mais escondidas dessa língua que aprendo desde pequena mas que seguramente posso assumir que nunca falarei perfeitamente.
Entre escorregadas e momentos em que simplesmente nao sabia nem que de assunto se tratava, pesquei uns momentos lúdicos interessantes. Nietzsche era um serzinho pra lá de esquisito, filho de mamae. O pai morreu cedo e ele, criado somente entre mulheres, nunca conseguiu se resolver muito bem com elas. Apaixonou-se acho que três vezes profundamente, mas porque nao gostava do Aktus Purus (se é que vocês entendem...), mas do amor intelectual, nao foi para frente em suas relacoes.
Paradoxalmente pregava que a verdadeira sabedoria – a do pulo do gato, quando passa um filminho da sua vida na sua cabeca e você se transforma de uma hora para outra - nao é atingida pelas discussoes ou pelos livros, mas pelas vivências. Saia, beba, se divirta, vá a novos lugares. Gostei disso.
Adaptando o pensamento nietzschiano à contemporaineidade, volto agora para um novo computador... Dessa vez para montar uma outra versao do meu filme... Depois de ouvir opinioes, resolvi mexer em tudo. Um frame pode mudar uma vida. Ainda bem que isso tudo acaba segunda!

A conclusao do dia é: todas as ilhas de edicao deveriam ter um pedalzinho conectado com o câmera. A cada tremida, um choque! Seria minha vinganca!

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Lady Multimelancholica

Hoje é quatro de dezembro e me dou conta de que o tempo passou tao rápido! É estranho isso de acumular cada vez mais memórias e algumas histórias continuarem tao vivas! É bom, mas é esquisito constatar que muitos sonhos já foram realizados, mas que muitos ainda estao por realizar. Me sinto um querer sem fim.
Nao posso reclamar desses tempos que tenho vivido. Agora experimento a deutsche Melancholie, esse clima a que o inverno berlinense, eiskalt, nos convida.
Fico me perguntando se vou estar aqui no ano que vem ou nao. Na verdade gostaria de saber onde estarei no mês que vem. De algum jeito a vida acaba dando rumo a ela mesma, mas em relacao ao mês que vem eu queria ter alguma informacao a mais além de pontos de interrogacao. Mesmo assim o clima favorece e consigo estar tranqüila para escrever, ler, editar... organizar os pensamentos em casa vendo o mundo cinza pela janela. É claro que poderia ser melhor se... mas acho que todo mundo pensa assim. Sempre falta um quê para tudo estar na mais perfeita harmonia.

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Nota do dia-a-dia:

Nao agüento mais comer ovo. Como tive que comprar 100 ovos para a tal da cena que se reduziu a uns 4 frames, já dei ovo pro vizinho, fiz suflê, bolo, como um ovo cozido todo dia de manha e acabei de jantar um omelete. E ainda tem umas quatro caixas olhando para mim na cozinha. E olha que eu nem sou tao fa de ovo...


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Weinachtsmarkt - diversao para massa

Até Glühwein que eu odeio eu bebi de tao natalina que era a caneca onde o vinho era servido. Uma botinha de papai noel!
Impressionante a „feirinha“ que eu achei que ia encontrar! Na verdade é um mega parque de diversoes móvel que foi instalado em frente a Berliner Dom. ENORME. Maior que o antigo Tivoli Park (nao sei mais como se escreve Tivoli). As barraquinhas todas em volta dos brinquedos. Várias comidas típicas de todas as regioes da Alemanha. Parece assim uma festa junina popular bem high tech com luzes néon contrastando com madeira querendo lembrar o tirol.
Foi nesse evento super esquisito, onde quase ousei patinar no gelo para entrar na onda da galera, que constatei que todo o povo tem os seus paraíbas. Me desculpem os paraíbas de verdade, essa gíria é muito injusta, mas depois que a incluí no meu vocabulário nao encontro palavra melhor para definir aqueles seres que estavam no Markt. Só alemao paraíba. Fiquei feliz de saber que reconheco claramente um alemao paraíba. Acho que paraíbas sao universalmente reconhecíveis. Topetinho feitos com gel no cabelo oleoso, botas brancas (nada mais feio do que botas brancas!), uma descombinância de cores, listras, bolinhas exagerada. Todas as meninas estavam com um cinto com um fivela em forma de coroa dourada que nao sei de que loja é, mas certamente é de uma loja que só tem artigos para paraíbas, . No meio disso tudo, ainda saía Schlager, música popular alema que nem mesmo os paraíbas gostam, das caixas de som. Detalhe: o lugar estava lotado e só tinha uma saída.
Tenho a impressao de que estive num show do Babado Novo na praia de Copacabana em Berlim.

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Um convite ao amor atento

Estou para ver alguém se arriscar por amor hoje em dia. Nao estou falando de ter coragem de levar a mulher para cama nao. Para comer todo mundo tem peito. Nem de chamar para ir ao cinema, a um concerto, jantar o que seja. Falo da entrega. Daquela que me lembra Anna Karenina que mesmo prisioneira das convencoes sociais da Rússia do século XIX se atirava nos bracos dos seus amantes. E cada um era verdadeiramente amado por ela. Nao valeria a pena o sacrifício se nao fosse.
Quero ver largar carteira assinada, carrinho do papai em troca do risco do amar até a última ponta.
Jogue tudo pela janela, liberte-se e celebre o amor nem que só por um segundo. Vamos contar nos dedos no fim da vida as paixoes que tivemos. Sao muitas as pessoas e poucas as paixoes. Há que se valorizá-las. Entregue-se. Nem que por um instante apenas.