terça-feira, fevereiro 27, 2007

da sexualidade ultrapassada

Neste fim de semana, além da orgia gastronômica – até Apfle Strudel cozinhamos - fomos ao centro gay do mundo. Berlim deve ser uma das cidades mais gays do momento. Assim dizem os lonely planets e as minhas andanças por aí. Tinha uma festa. Dizia-se que da Berlinale. Era no Tempelhof, o aeroporto. A locação me atraiu, festa da Berlinale no aeroporto soava a muitos cineastas interessantíssimos do mundo todo, música boa, diversão garantida. Compramos uma vodka, misturamos com suco de limão e fingimos tomar caipirinha.
Na procura gelada pela festa, encontramos um policial que aqui são seres extremamente confiáveis. Moco, você sabe onde é a festa? O sujeito em seu casaco verde musgo, POLIZEI estampado nas costas, resolve nos guiar até o local. Simpático, ele explica que estava na pausa de trabalho.
- Vocês são de onde?
- Adivinha. (Adoro fazer esse suspense porque é divertidíssimo prepará-los para o espanto.)
- Espanha?
- Nao, beeemm mais longe. Brasil.
- Nossa! Mas o que vocês estão fazendo aqui? (as perguntas sempre são originais assim!)
- Ah, um monte de coisa.
...
- Você é vegetariana?
- Sou, por quê?
- Podemos marcar uma ida a um restaurante ótimo que eu conheço, o que você acha? Ah, também vou escoltar uma ida a um festival de cinema enorme na Espanha em maio, numa limousine, você quer ir comigo?
- Mas é claro! (ai, bêbado se anima com umas coisas!...)

A primeira furada da noite: cantada de policial. Pelo menos ele foi malandrinho e nos fez entrar pela porta da saída, nao pagamos um centavo, thank a pelo menos isso God! Lá dentro, festa lotada de gays atrás de drags, nas carrapetas: organic electro (sem agrotóxico!!!) com um hint of trip hop, experimental edge and humour. Nada mal, mas só com A LOT OF humour para bancar de hetero no Teddy QUEER film award.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Canções do exílio

Nada como uma visita a uma amiga para renovar a trilha sonora da vida. O manjado „Transa“, álbum de 1972 do Caetano veio parar aqui depois da passagem pela casa da Jô (J com som de i) em Köln. E nao saiu mais do cd-player da cozinha, onde dormia o „Universo ao meu Redor“ da Marisa Monte.
Este criou asas e foi correr o mundo. A Jô veio comigo pra Berlim porque até o fim de semana acontecia a Transmediale, um evento de arte tecnológica. Fizemos o percurso de carona. O motorista era estudante de teologia, tinha um piercing nas sombrancelhas, muito simpático. O cara do banco do carona era esquisito. Nao falava muito e me pareceu de lugar nenhum, mulato com cabelo e barba pichains mas naturalmente loiros. Um jeito mais alemão do que do alemão futuro pastor. Tanto faz também o quão intrigantes eram aquelas criaturas. O fato é que nao havia UM único cd no carro. Com a case renovada em mãos, espertamente resolvi aplicar música brasileira neles.
E o motorista se apaixonou pelo cd da Marisa Monte. Apresentei Céu, “Qualquer Coisa” do Caetano, Chico entre outros. Gamou no “Universo ao meu redor”. Comovida, dei o cd para ele, afinal o grande trabalho que terei, será o de queimar outro para mim. Um viva à pirataria.