Bebeu metade do copo 300ml de chopp de um só gole, com a sede de quem procura a garrafa d`água ao lado da cama ao acordar. Apoiou-o com força, chamou o garçom de mestre acenando enquanto levantava meia bunda da cadeira pra ter a certeza de que tinha sido notado. Rodou um lápis entre os dedos e começou a cortar o ar incômodo, inflado de Nelson Rodrigues, Manifesto Antropofágico, Persépolis, filme daqueles quadrinhos, do novo do Michel Moore, esse cara é um saco. Acendeu o cigarrillo que de tão metido se escreve com dois elles, e começoua narrar devagar, para quebrar o ritmo da cnversa, uma história de quando vestiu um roupão de seda e fumou charuto para ir a uma festa à fantasia num casarão abandonado nos idos de...
Eu ouvia esperando a chuva passar. Esqueci de dizer que lá fora chovia cântaros, os bueiros pareciam brinquedo público, em cinco minutos as tampas rolavam pelas ruas alagadas. Era por isso que eu estava ali, naquela mesa de bar numa madrugada cansada, de quinta-feira, fim da semana da pessoa não acostumada ao ritmo corporativo. Fitava meu amigo em frente esperando condições de sair e pegar um táxi por mais dura que estivesse. Não conseguia me concentrar em nenhuma conversa, olhava em volta para ver quem estava por ali enquanto falavam e dava amostras da minha desconcentração até que a chuva me deu uma chance de voltar para a tranquilidade da vida em casa, só com ele, por quem espero longas horas todos os dias até encontrá-lo à noite. E foi só isso, nada de clímax.
sexta-feira, março 14, 2008
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