quarta-feira, julho 15, 2009
Foi quando eu não me incomodava ainda em arrumar o cabelo depois de sair da piscina que a gente se conheceu. Aquela amizade forçada pelos pais, vai brincar com ele, filha, ele tem quase a sua idade. Na verdade você já tinha quase uma cabeça a mais do que eu e naquela época eu me sentia acuada com meninos mais velhos. Além do mais, não gostava que minhas bóias tivessem desenhos, preferia uma toda lisa como a sua.
Tínhamos um amigo em comum, ou amiga, eu não sei mais, era filho ou filha do pessoal da fazenda, mas desse ou dessa eu não me lembro mesmo. Nem do exato lugar onde o sítio ficava. Nítida é a lembrança de um passeio a cavalo com você. As datas estão um pouco embaralhadas, não sei mais se foi nessa mesma época ou uns anos depois. Havia um canal, feito o do Leblon, mas sem poluição. Muitas árvores em volta e chão de terra com pedrinhas. Alugávamos os cavalos, que, coitados, andavam com tapa-olhos – coisa que eu nunca entendi pra que servia mesmo depois de terem me explicado. Os bichos faziam sempre o mesmo trajeto ao redor do canal e à mesma velocidade. Não sei mais se se pagava por hora ou por volta, o fato é que toda vez que a baia se aproximava eles faziam menção de entrar; precisavam ser puxados por um adulto no caso da criança querer mais uma volta e os pais consentirem. Eram todos muito automático e aparentemente pacíficos, domesticados. Entretanto nesse dia eu tive pânico e tive também vergonha do meu pânico na sua frente. Então enfrentei. Subi no cavalo, na carona de alguém, talvez do seu pai, acho que eu era muito pequena ou muito medrosa para andar sozinha. O coração quente por dentro, mas você estava lá na frente, andando quase a galope e eu não queria passar por menininha fresca, então fui respirando fundo, mesmo sem ninguém ter me ensinado esta técnica a ser praticada quando estamos com medo. Deve ser instintivo. Fui respirando fundo, fundo e quando acabou a primeira volta, pedi para descer. Hoje em dia eu continuaria, mesmo com trauma de cavalo.
quinta-feira, julho 09, 2009
Eu tinha um ano e meio, mas estranhamente me lembro deste dia. Essa cena é parte daquelas histórias que te contam tanto que você acaba achando que lembra, pode ser isso também.
Era de manhã cedinho no balneário. As crianças acordam bem mais cedo do que os adultos nesses lugares e nesta hora não havia ainda movimento de lanchas, devia ser um sábado.
Meu pai me contou que na manhã do dia seguinte, o mar estava mais calmo e limpo e ele me ensinou a respirar pelo snorkel ajoelhada à beira d’água, morninha em dia de sol. Depois, ainda de joelhos, ficamos os dois de snorkel e máscara. Avançamos um pouco mais na água e eu conseguia ver o fundo da areia, conchas e peixinhos.
Meu pai colocou então um par de pés de patos nele e em mim, devia ser minúsculo e colorido! Me levou para um passeio em águas mais profundas e ele disse que eu curti um visual calmo, tranqüilo.
Ele foi me puxando devagarinho, me ensinando a usar os pés de pato. Sutilmente foi largando a minha mão e eu fiquei ao lado dele. Devia estar olhando aquela água toda em volta, pensando naquele cara tão legal ao meu lado me dizendo coisas. Ele viu que eu estava segura, mergulhou e se virou de barriga para cima, abaixo de mim, ficamos nos olhando enquanto eu flutuava e nadava com o rosto afundado na água.
Foi assim, simples. Rapidinho eu estava nadando! Com a bicicleta foi muito mais difícil...
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