domingo, outubro 30, 2005

relações desgastantes da modernidade

Esse certamente poderia ser um título de livro de teoria da comunicação. Tento escapar das relações desgastantes, mas elas não me deixam. Ou eu não as deixo deixar de serem desgastantes. Simplesmente não consigo incorporar toda a independência que esperam de mim. Me envolvo sim, talvez por pouco tempo, por uma semana apenas, ou até mesmo um dia. Mas me envolvo com todas as pesoas que passam pela minha vida. Com umas mais, outras menos, mas todas de certa maneira me desgastam, e eu, que queria evitar desgastes, que faço? Viro uma eremita? Ou finjo aquela independência que cai tão bem atualmente para fazer com os que me desgastam se desgastem também por mim?

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quarta-feira, outubro 05, 2005

E quadrinhos, você gosta de quadrinhos?

E quadrinhos, você gosta de quadrinhos?
Quando a gente vive muito um determinado universo, acaba se sentindo um pouco monotemática. Estou num espaço de terra cercado de cinema por todos os lados, minha vida é uma ilha de edição com muitos, muitos cortes abruptos que forçosamente ajudam a montagem a fluir.
Estava falando sobre isso com uma amiga. Sobre como eu tenho vivido o meio do cinema atualmente. Todos que me rondam falam de planos, seqüências, fotografia maravilhosa! Deixei temporariamente de lado a literatura e as artes plásticas para me dedicar ao cinema que me insere numa vida cada vez mais contemporânea, exige muito.
Nessa mesma conversa com essa minha amiga, falei de um cara em quem eu estava de olho. Ela me disse que eu só agüentava trabalhar no ritmo que eu trabalho porque sempre me apaixonava por alguém no set. Disse para ela que era paliativo, mas que não era sempre. Esse cara, por acaso, de quem eu estava afinzinha, não foi no set que eu conheci. Foi na faculdade. De cinema. Aliás, incrível isso, a gente chega no oitavo período da faculdade orgulhosa de nunca ter ficado com ninguém dali e quando vê já está na mesma situação de todos... enroladassa! Esse cara da faculdade, muito interessante. Todos os papos que tive com ele até hoje, porém, versaram sobre cinema. Estava encucada com isso, queria falar sobre outras coisas, mas não conseguia! Minha amiga sugeriu comentar sobre quadrinhos. Achei uma ótima idéia. Mas não deu certo.

quarta-feira, setembro 07, 2005

Av. Nossa Senhora de Copacabana lotada, pessoas passam como em blur, aquele efeito do vídeo quando tudo o que está em movimento deixa um vulto sem foco. Ana acaba de acordar, levanta, escova os dentes, prende os cabelos desobedientes da manhã e desce em busca de um pão quente, de um tempo aconchegante no dia que promete agitação.
Um café rápido, uma forçada escolha de roupa e a saída aliviada à espera de um banquinho no ônibus que acolhe sua leitura matinal. O inesperado é o habitual na rotina. O telefone celular é checado a cada cinco minutos em busca de uma notícia que mude os planos do dia. E eles sempre mudam. O Segundo Caderno funciona como uma amiga cujas conversas já se conhece o tema, mas que vem com uma novidade que às vezes agrada.
Naquele dia específico, ela acendeu um cigarro de manhã, não tem mais pudores. Quantas coisas mudam em tão pouco tempo. Ela acha muito chato ter que falar com todo mundo, conversar sobre amenidades triviais chatas.

sexta-feira, junho 03, 2005

Corpo são, mente sã

Disposta a levar uma vida espartana, abriu mão da televisão e das roupas lavadas. Partiu com esperanças dando um sapacatto no lugar de um passo. E achava que assim seria feliz...

sábado, maio 28, 2005

Festa estranha com gente divertida

Uma caricatura dos donos da casa disfarçados de Beatles, quer dizer, donos não, moradores, eles não precisam desse sentimento de posse. Uma comunidade como a dos Novos Baianos, mas em 2005 e em Santa Tereza, lugar lindo, à parte e esquisito também. Dessas vizinhanças comuns a todas as grandes cidades do mundo, como Friedrichhein em Berlim, o Bairro Alto em Lisboa, Marrais de Paris. Costuma-se ouvir que os habitantes são artistas e intelectuais, maravilha fossem só esses que por ali andassem!
A casa é bem escondida, mas de portas abertas para quem quiser entrar e, incrivelmente só entram as pessoas certas. Cada um que se aprochega ouviu o chamado a seu modo. No meu caso foi na fila do banheiro, que já se estendia até a porta do salão de tanto que demoravam lá dentro. Eu era a segunda. Da porta, saíram três meninas coçando o nariz. Deu para entender a demora. Papo vai, papo vem à minha frente, você vai à festa do Guilherme? Sem dinheiro e sem ter o que fazer depois dali, gostei de saber que estava rolando uma festa em algum lugar. Atrás de mim, o chamado se concretiza pela conversa de um casal: Festa do Guilherme lá na Hermenegildo, né? Eu nem sei quem é Guilherme... Achei ótimo, também não fazia a menor idéia de quem era Guilherme, mas a Hermenegildo...
A música boa que se ouvia lá de baixo, subindo a ladeira em direção ao Baixo Santa do Alto Glória, era convidativa.
Na porta da festa do Guilherme, mais papos estranhos. "Todo intelectual tem um gato" foi a frase que acabei proferindo lá pelas tantas. Muitas escadas abaixo depois, dançávamos com uma cervejinha gelada cada uma. Sensacional! DUB DUB DUB!!!
A magia do lugar levou alguns a tentarem reproduzir velhas lendas, como a do passar o chapéu, mas só o que se viu foram as pessoas tentando fugir dele. O japonês de cabelos compridos e óculos também foi outro contratado. A função dele era fazer amizades na porta do banheiro. Esse, ao contrário do outro, teve sucesso. Até parabéns e brigadeiro rolaram. Pena que esqueceram o fotógrafo para a gente sair no álbum da festa!...

quinta-feira, março 31, 2005

ócio enebriante

Sempre foi muito ambicioso. Contava os centavos, fazia e refazia seu orçamento todos os dias. Dedicou-se a vida toda à carreira, almejava alcançar um alto posto na empresa de construção onde trabalhava, acreditava estar ali sua felicidade. Até que um dia levou uma rasteira do destino: apaixonou-se por uma loira de pernas magras e altas, branquela e daquelas que têm o segundo dedo do pé maior do que o dedão. Chefes da relação. O caso é que ela era suíça. E dentro de exatos trinta dias estaria de volta à terra dela. Viveram quatro semanas de amor intenso, 24 horas juntos. Na despedida, cometeu uma loucura, a única de toda a sua vida: embarcou com ela, abandonando trabalho e todo o futuro que pensava para ele.
Chegando lá, novos planos pipocavam em sua cabeça. Mas só conseguia dormir, dormir e dormir. Estér foi cansando daquilo. Tornara-se um homem desinteressante e sabia disso. Mas não conseguia ser diferente. Todas as manhãs, acordava de bom humor esperando que aquele seria o grande dia. Saía de casa cheio de esperanças, mas voltava apenas com o pão da padaria. Não tinha forças e não achava a origem da lentidão que acometia-lhe. Foi descobrindo que não era de dinheiro que precisava, mas sim de um ofício. Duro admitir, mas nascera para o funcionalismo público brasileiro. O ócio estava desequilibrando-o.

terça-feira, março 22, 2005

Passar a página

Pareciam não ter mais fim aqueles pensamentos. Ela tentava, estipulava prazos, fazia juras e promessas para si mesma. Chegou até a apostar com as amigas que conseguiria. Mas quando dava por si, estava novamente tentando arrumar um jeito de ficar mais perto dele. Conversavam por horas a fio sobre trivialidades que tinham em comum. e ela não sabia se o problema era dela ou dele. A dúvida pairava e ela queria querer partir para outra. Mas não queria.

quinta-feira, março 03, 2005

volta pra casa

"Rio de Janeiro para mim faliu!!" - foi a frase que ouvi de uma amiga na noite do dia em que eu cheguei de uma trip de três meses pela Europa. Ela, por acaso, também tinha acabado de voltar de uma temporada fora, em Ubatuba. Se a cabeça dela estava assim, imagine a minha.......... "Vivemos numa azeitona e giramos em torno do mesmo caroço"................................