Distraída pra morte, eu estava sim. Olhava estrelas em ambiente fechado. Você falava, eu mantinha o olhar fixo num ponto qualquer e ficava desconcertada quando percebia que sua frase acabara e que eu nada ouvira. O pior era quando eu começava a falar e de repente me perdia entre as minhas próprias palavras atenta à conversa da mesa ao lado. Era tanto tempo de enclausuramento deixando a vida de lado que num encontro desses nao sabia como me comportar. Voltei pra casa com um vazio no peito, me sentindo superficial e provinciana em contraponto ao meu querer ser cidadã do mundo e colorida.
Acordei receosa dos momentos de falar sem fim que também houvera na noite anterior, como se todas as falas economizadas na solidão do quarto tivessem resolvido cair na pista. Desacostumadas, escorregavam e iam por caminhos conhecidos ao invés de arriscarem novas paisagens.
Nao queria mais aquelas palavras, queria outras. Sabia que surgiriam, renovavam-se à medida em que o tempo passava. Pareciam andar na direção contraria a ele. Quanto mais tempo num lugar, palavras novas nascidas da estabilidade. Era só uma questão de paciência.
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