domingo, dezembro 31, 2006

tempos de objetivar

2006 está acabando. Pensando um ano parece curto mas quando olho para trás e vejo quanta coisa pode ser feita em 365 dias me surpreendo com o tamanho de um ano.
Aproveitando a onda retrospectiva, hora de tracar alguns objetivos. Em 2007... Bem, continuar aproveitando produtivamente o tempo livre. E botar para frente, tirar do papel alguns projetos. Não é tão difícil.
Essas são as resoluções palpáveis, que eu em certa medida posso dominar. Mas quero mesmo me deixar surpreender e continuar colecionando histórias pra narrá-las.
Objetivos mais pontuais e que podem ser divulgados:
- Ficar amiga do jamaicano dread negão que mora na janela em frente e me dá tchau todas as manhãs de sol, quando ele, tadinho, vem tentar um bronzeado.
- Experimentar novas receitas e aperfeiçoar os conhecimentos sobre vinhos europeus.
- Não se apaixonar loucamente por qualquer um.
- Entrar na aula de moderno, yoga, qualquer coisa que movimente!
- Escutar mais do que falar.
- Fazer o tal do curso de efeitos especiais.
- Investir em tecnologias.
- Escrever e filmar.

Falei. É bom que depois posso me cobrar ser cobrada! Sucesso para todos. Andem com gente do BEM!

terça-feira, dezembro 26, 2006

O filme!

Feinho como a baixa resolucao do You Tube permite, mas aí!

sábado, dezembro 23, 2006

Lado bom daqui

Muitos sonhos confusos, aquele velho sentimento de nao pertencimento que me persegue e perseguirá a vida toda, acho. No fundo eu gosto de nao pertencer.
Os dias têm sido calmos até demais. Fora uma ou outra coisa esquisita que acontece como o jantar de despedida do chefinho no japonês. Chefinho é daqueles alemaes arianos orgulhosos de morarem em Berlim, com passado OST (lado oriental da cidade) e uma certa raiva do capitalismo. Só se veste de preto. E faz filmes com longos planos-planos, sim, planos estáticos de um minuto seguidos um do outro. Inacreditável. Talvez um movimento lento para contestar a velocidade da contemporaneidade. Nao sei. Ficava tentando teorizar o trabalho do cara para nao dormir na ilha de edicao.
O caso é que sexta-feira foi meu último dia nesse trampo estranho. E já estava combinado desde o início da semana que sairíamos para jantar. Para nao dizer que só reclamo dos alemaes, planejar as coisas tem um lado legal que é o da expectativa. Nessa situacao, a dele. Porque a minha era a de ter que fazer sala para alguém que só fala de cinema e de vez em quando rápido demais. E que como todo alemao tem muitas certezas sobre essa vida incerta.
Lá fui eu beber gim tônica no japonês. No fim da noite, ele falava, falava, falava e eu só pensava na vídeo-locadora e na barra de chocolate que me esperava em casa.
Acabei pegando um do J. Cassavetes e outro do C. Chabrol e nao consigo imaginar fim de noite mais feliz! (leia-se dessa noite!!!)
Outra coisa boa da cultura alema é o valor da palavra. Falou está falado, pao, pao, queijo, queijo. Se o cara fala que vai te ligar, pode ter certeza que vai, se nao ele falaria na lata que nao vai. É um método meio duro mas nao desperta esperancas onde elas nao devem existir. E é muito bom ter a certeza de receber um telefonema. Acaba com aquelas agonias na barriga típicas de affairs cariocas.

Em momentos como esse queria ser alema para ter toda a minha vida planejada... Nao to mais vendo graca no espontâneo!

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Humor alemao

Acordar com o friozinho lá fora nao é mole. Tomar esporro antes das dez entao acaba com o dia. Calmamente saía de casa e, como sempre – ansiosa atrás de notícias que sou – abri a caixa de correspondências. A mulher dos correios a quem eu acabara de dar bom dia, pára ao meu lado. „Por que você nao retira o Grunwald daí?“ Eu explico que é o nome da proprietária e que várias contas ainda chegam no nome dela. Ela esbraveja „que nao é assim que as coisas funcionam, que o meu nome deve estar dentro da caixinha e o dela fora“. Sermao de quinze minutos ininterruptos. Dou ok, feliz natal e comeco meu dia.

Pego a bike e mais uma invasao. O DB (Die Bahn), empresa dos transportes públicos aqui da Alemanha, com uma nova estratégia de marketing: pendurar bilhetinhos de tickets promocinais nas bicicletas. O aquecimento global este ano está retardando o uso dos metrôs pelos ciclistas. Eu quero mais é que esse aquecimento global continue vingando por aqui e causando, como dizem os jornais, a entrada de inverno mais quente dos últimos 1300 anos.
Os berlinenses nao se conformam. Falam que „pagaremos caro por esse calor“. Resta-me rir.
E curtir o calorzinho de 5 graus de bike por aí.

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Essa coisa, sabe como é.

Entre, seja bem-vindo.
Entre e peca para ouvir uma música e tomar um conhaque na noite fria.
Peca para eu soltar os cabelos e acender o abajour de luz amarela.
Acender também aquela vela bonita esquecida na estante alta.

Conte-me casos da vida, de como é talentoso.
Dos lugares que visitou, dos personagens que admira.
Das músicas que ouve, das caminhadas sem rumo observando as ruas.

Do dia em que foi ao cinema e se masturbou.
Da manha em que fez o café mais gostoso.
De quando experimentou crack numa esquina cinza de Sao Paulo.
Do mergulho no mar mais azul.

Pergunte-me dos livros que leio.
Dos meus amigos e gostos.
Vá fazendo perguntas, deixe-me tagarelar.
Tire o pouco de cabelo que cai à frente do meu olho direito.

Saia antes que me canse.
E prometa voltar. Mesmo que nao volte mais.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Adrenalina urbana

Metropole addicted. Será que existem? Se sim, sou um deles. Adrenalia na verdade é sempre comigo. Mas essa busca insaciável por adrenalina urbana nao me larga. Comecei a perceber outro dia e só agora dou conta de assumir que realmente nao sou de mar nem de montanha, mas de skyscrapers. Só pode ser isso que ainda me faz manter-me em meio a esse caos das grandes metrópoles: vício.
Hora-limite do dia-limite para entregar a inscricao da faculdade. Adoro desafios!
Vou dormir às seis da manha depois de passar a noite inteira queimando dvds. Acordo às 8h do dia-limite ligando o computador. Corro como uma louca pela rua armada com o lap até chegar à gráfica - inferno na terra. Servicos aqui na Europa sao todos self-serice. Um saco. Depois de fazer a revolucao na gráfica pentelhando os atendentes com o mau-humor típico das manhas escuras do inverno berlinense, encontro uma outra louca de lap ligado na gráfica, gritando com um dos caras. Nos identificamos, ela também estava na hora-limite do dia-limite pra entregar a inscricao no mesmo curso que eu. Nao preciso nem dizer que daquele momento em diante estávamos unidas. Viramos melhores amigas na luta contra os inimigos - atendentes da gráfica. Eu tinha que cortar as capas dos DVDs com uma máquina que os caras largaram na minha mao. Como assim? Eu nunca usei máquinas de cortas capas de dvds antes! E tenho menos de meia hora para sair daqui correndo. Lá foi a menina me ajudar, fofa! Enquanto ela cortava porque eu tremia e nao tinha condicoes de alinhar a imagem no cortador, eu colava as fotos dela na inscricao.
Depois do sufoco na gráfica, fui tirar as fotos porque sempre deixo tudo pra última hora. Já era 12h30 e eu tinha que estar às 14h do outro lado da cidade. Oh Gott! Entrei na primeira loja de foto que vi pela frente. Um asiático. Hunf. No desespero eu nao perguntava o preco de nada mais. Tira uma foto minha logo meu filho. O japa, coreano, sei lá, o fez e levou depois uns bons cinco minutos no photoshop me "ajeitando" e eu tentado ser delicada falando que TANTO FAZ COMO EU SAÍ, EU QUERO A FOTO!!! E ele brigando comigo dizendo que o servico dele era assim, tinha que passar por aquele processo se nao ele nao entregava o produto. Era melhor deixar quieto antes que eu comecasse a discutir em alemao com um cara que fala japonês ou coreano achando que ta falando alemao.
Os ponteiros correndo. Impressionante como o desespero desinibe. Entro numa papelaria e peco uma caneta de escrever em cd emprestada sem o menor pudor.
No metrô, dentro do vagao vazio ando de um lado ao outro. E ainda consegui chegar na Dffb - tal da faculdade - meia hora antes da hora limite. Que alívio!
Saio de lá em jejum direto pra tomar café da manha às duas da tarde: cervejinha por favor!

segunda-feira, dezembro 11, 2006

--Desenvolvi a habilidade de fazer ovo cozido três minutos e meio sem olhar no relógio--

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Filosofia em alemao

Contrariando Caetano que canta que só se pode filosofar em alemao, estou às voltas com esse probleminha. De entender filosofia em alemao.
Volto agora do trabalho em que passei algumas horas em frente ao monitor assistindo a filósofos contemporâneos alemaes falarem sobre Nietzsche – o personagem-tema do documentário.
Os caras falam poeticamente; escolhem bem as palavras mais escondidas dessa língua que aprendo desde pequena mas que seguramente posso assumir que nunca falarei perfeitamente.
Entre escorregadas e momentos em que simplesmente nao sabia nem que de assunto se tratava, pesquei uns momentos lúdicos interessantes. Nietzsche era um serzinho pra lá de esquisito, filho de mamae. O pai morreu cedo e ele, criado somente entre mulheres, nunca conseguiu se resolver muito bem com elas. Apaixonou-se acho que três vezes profundamente, mas porque nao gostava do Aktus Purus (se é que vocês entendem...), mas do amor intelectual, nao foi para frente em suas relacoes.
Paradoxalmente pregava que a verdadeira sabedoria – a do pulo do gato, quando passa um filminho da sua vida na sua cabeca e você se transforma de uma hora para outra - nao é atingida pelas discussoes ou pelos livros, mas pelas vivências. Saia, beba, se divirta, vá a novos lugares. Gostei disso.
Adaptando o pensamento nietzschiano à contemporaineidade, volto agora para um novo computador... Dessa vez para montar uma outra versao do meu filme... Depois de ouvir opinioes, resolvi mexer em tudo. Um frame pode mudar uma vida. Ainda bem que isso tudo acaba segunda!

A conclusao do dia é: todas as ilhas de edicao deveriam ter um pedalzinho conectado com o câmera. A cada tremida, um choque! Seria minha vinganca!

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Lady Multimelancholica

Hoje é quatro de dezembro e me dou conta de que o tempo passou tao rápido! É estranho isso de acumular cada vez mais memórias e algumas histórias continuarem tao vivas! É bom, mas é esquisito constatar que muitos sonhos já foram realizados, mas que muitos ainda estao por realizar. Me sinto um querer sem fim.
Nao posso reclamar desses tempos que tenho vivido. Agora experimento a deutsche Melancholie, esse clima a que o inverno berlinense, eiskalt, nos convida.
Fico me perguntando se vou estar aqui no ano que vem ou nao. Na verdade gostaria de saber onde estarei no mês que vem. De algum jeito a vida acaba dando rumo a ela mesma, mas em relacao ao mês que vem eu queria ter alguma informacao a mais além de pontos de interrogacao. Mesmo assim o clima favorece e consigo estar tranqüila para escrever, ler, editar... organizar os pensamentos em casa vendo o mundo cinza pela janela. É claro que poderia ser melhor se... mas acho que todo mundo pensa assim. Sempre falta um quê para tudo estar na mais perfeita harmonia.

***

Nota do dia-a-dia:

Nao agüento mais comer ovo. Como tive que comprar 100 ovos para a tal da cena que se reduziu a uns 4 frames, já dei ovo pro vizinho, fiz suflê, bolo, como um ovo cozido todo dia de manha e acabei de jantar um omelete. E ainda tem umas quatro caixas olhando para mim na cozinha. E olha que eu nem sou tao fa de ovo...


***

Weinachtsmarkt - diversao para massa

Até Glühwein que eu odeio eu bebi de tao natalina que era a caneca onde o vinho era servido. Uma botinha de papai noel!
Impressionante a „feirinha“ que eu achei que ia encontrar! Na verdade é um mega parque de diversoes móvel que foi instalado em frente a Berliner Dom. ENORME. Maior que o antigo Tivoli Park (nao sei mais como se escreve Tivoli). As barraquinhas todas em volta dos brinquedos. Várias comidas típicas de todas as regioes da Alemanha. Parece assim uma festa junina popular bem high tech com luzes néon contrastando com madeira querendo lembrar o tirol.
Foi nesse evento super esquisito, onde quase ousei patinar no gelo para entrar na onda da galera, que constatei que todo o povo tem os seus paraíbas. Me desculpem os paraíbas de verdade, essa gíria é muito injusta, mas depois que a incluí no meu vocabulário nao encontro palavra melhor para definir aqueles seres que estavam no Markt. Só alemao paraíba. Fiquei feliz de saber que reconheco claramente um alemao paraíba. Acho que paraíbas sao universalmente reconhecíveis. Topetinho feitos com gel no cabelo oleoso, botas brancas (nada mais feio do que botas brancas!), uma descombinância de cores, listras, bolinhas exagerada. Todas as meninas estavam com um cinto com um fivela em forma de coroa dourada que nao sei de que loja é, mas certamente é de uma loja que só tem artigos para paraíbas, . No meio disso tudo, ainda saía Schlager, música popular alema que nem mesmo os paraíbas gostam, das caixas de som. Detalhe: o lugar estava lotado e só tinha uma saída.
Tenho a impressao de que estive num show do Babado Novo na praia de Copacabana em Berlim.

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Um convite ao amor atento

Estou para ver alguém se arriscar por amor hoje em dia. Nao estou falando de ter coragem de levar a mulher para cama nao. Para comer todo mundo tem peito. Nem de chamar para ir ao cinema, a um concerto, jantar o que seja. Falo da entrega. Daquela que me lembra Anna Karenina que mesmo prisioneira das convencoes sociais da Rússia do século XIX se atirava nos bracos dos seus amantes. E cada um era verdadeiramente amado por ela. Nao valeria a pena o sacrifício se nao fosse.
Quero ver largar carteira assinada, carrinho do papai em troca do risco do amar até a última ponta.
Jogue tudo pela janela, liberte-se e celebre o amor nem que só por um segundo. Vamos contar nos dedos no fim da vida as paixoes que tivemos. Sao muitas as pessoas e poucas as paixoes. Há que se valorizá-las. Entregue-se. Nem que por um instante apenas.

quarta-feira, novembro 29, 2006

Media Markt

É meu paraíso do consumo Adoro entrar e ver todos os cabos com as mil saídas wirefire possíveis, carregador de pilhas a dois euros, canetas prateadas para escrever em DVD, DVDs, máquina de capuccino!, mini-mac, ipods mil!... Uma loucura.
Só nao saio de lá deprimida porque fico sempre com raiva daqueles vendedores extremamente alemaes, grossos!
Hoje eu fui trocar um cabo. Cheguei lá e era só trocar um tipo de cabo firewire entrada dv por outro entrada 6p. Subi direto para a secao cabos. Chegando lá, falei com a simpática vendedora: - Por favor, queria trocar esse cabo por esse. - Como assim você entrou na loja com mercadoria sem avisar lá embaixo? Eu bem que tinha visto o aviso, mas ignorei pensando cariocamente ´ah, fala sério parar pra avisar que eu tenho um cabo na bolsa?!´
Na minha terra cliente tem sempre razao. Ainda mais com a nota do produto na mao. Sem alterar o tom de voz como fazia a minha interlocutora, falei: - Realmente, nao avisei - como se fosse a coisa mais normal do mundo. (e é, nao?)
Para a mulher tratava-se de um bicho de sete cabecas. Ela irritadinha mexia no coputador e eu do lado. Ela ficava cada vez mais irritada perante a minha calma.
De repente, ela se vira para mim e fala, você pode por favor dar um passo para trás e se portar atrás da bancada. Nao me agüentei. Dei um passo para trás igual a um soldado. Só faltei falar Hei, Hitler mas aí eu iria contra até os meus próprios princípios de tentativa de integracao.
Dei um risinho maroto, daqueles assim só pra dar uma alfinetada e peguei meu cabo. Essa terra sofre de problema de mulheres mal comidas...

segunda-feira, novembro 27, 2006

Faltou homenagear a punk!

Essa é a Trisch que fez ela mesma, uma punk de Berlin, no curta.



domingo, novembro 26, 2006

Beim Drehen



SENHORA DE SI

As filmagens do curta terminaram. Restou-me a sensação que muitas vezes me acomete nesses casos: uma mistura de alívio com gostinho de quero mais. Sei lá, um sentimento de missão cumprida. Ledo engano porque a edição ainda vem por aí e é a parte mais dolorosa. Mas pelo menos por hoje estou feliz!
Feliz porque mesmo com uma equipe de só quatro pessoas e fazendo o trabalho de roteirista-diretora-técnica de som-produtora-pega lá no carro–figurante-etc, consegui filmar em Berlim! E foi muito bom registrar um pouco dos cantos por onde ando aqui.
Hoje começamos o dia com uma cena em que Alice pisa em ovos.
Fomos até o Mauerpark e em frente ao Max-Schmelling-Halle, tiramos os cerca de 90 ovos das bolsas e espalhamos pela rua por onde Alice passaria. Só que num domingo de outono com 14 graus, todas as crianças berlinenses foram ao parque. Recebemos ajuda de um casal, menina loirinha de seis e ruivinho de sete para limpar a calcada depois da cagada dos ovos pisados. Mas quem mais se divertiu mesmo foram os adultos sentados no bar em frente. Bebiam, riam e não paravam de fazer comentários e espezinhar a Mayra, quer dizer, Alice.
Depois, na Boxhagener Straße foi lindo! Hoje o Flohmarkt estava especialmente cheio de coisinhas bonitas! É definitivamente meu programa preferido em Berlim. Como fico feliz de ver tantas coisas com cores de outras épocas! Berlinense adora um artigo de brechó. Quanto mais história melhor. Não importa se a roupa tem um rasguinho. Marcas de uma vida bem vivida. Admiro esse sentimento. Aqui nada se perde, tudo se transforma. Hoje arrematei uma touca com uma flor que há tanto tempo eu estava querendo. Também contribuiu com meu bom humor de agora.

sexta-feira, novembro 24, 2006

terça-feira, novembro 21, 2006

Na balanca


Eu e um amiga brasileira com um carro emprestado e carteira de habilitacao vencida, saímos felizes para andar numa cidade onde nao conhecemos os caminhos direito. Era um lindo dia de chuva.
Paramos num posto de gasolina ao lado do tanque de álcool, mas o carro era a gasolina. Por que nao simplesmente puxar a mangueira para perto do carro?! Depois de quase estourar de tanto que ficou esticada, ela chegou até o carro. Enrolacoes à parte, saímos do posto indignadas.
Como num país que tem um carro a cada dois habitantes nao dao a um frentista o devido valor? Cultura self-service... Grrr!
Do outro lado, assumo que somente agora consigo enxergar a real importância de uma chapelaria e de uma loja só de meias.

Os dias essa semana transcorrem com muita agonia. Todos os preparativos para o curta.
Na foto, cinema que nao é para qualquer um...

sexta-feira, novembro 17, 2006

quinta-feira, novembro 16, 2006

Pisando em ovos

No som: Chelsea Girl, Nico - o álbum todo é bom.

Será que chega um dia em que nao pisamos mais em ovos em sociedade nenhuma? Quando o nível de auto-seguranca é tao grande que nos faz ultrapassar os medos e incertezas que tomam conta da gente num lugar estranho? Se sim, espero estar viva para vivê-lo, este dia.

É muito boa a sensacao de saber com toda certeza quando você pode mandar alguém tomar no cu e quando você pode dizer que ama. Nao é só o instinto que comanda essas coisas. As diferencas culturais falam alto até nessas horas. Nunca se sabe se o tipo fez isso ou aquilo porque ele nao quer ou quer muito você ou se ele agiu da maneira que agiu porque é o código comum.

Confuso.

Übrigens: meu espanhol melhora a cada dia. Nunca vi tanto espanhol junto.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Stammclub DUNCKER

Qual é a tua? Ta beleza?
Nem em 20 anos de Berlin vou conseguir traduzir essas expressoes. Simplesmente impossível.

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Aqui as pessoas jogam xadrez na noite

...

E dancam muito empolgadas ao som de qualquer coisa dos anos sessenta. Oh povo nostálgico!

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Aqui você é convidada ao museu de antigüidades bizantinas na noite.

...

domingo, novembro 12, 2006

O que o frio nao faz

Há duas semanas atrás, Alice: - Esses alemaes sao mesmo neuróticos! Chegam na estacao um minuto antes do trem, TODOS sabem exatamente os horários.Nunca vou conseguir decorar!
Hoje, alguns graus a menos depois, na casa da Alice: - Ana, vamos correndo porque o próximo trem é à 01:14, o outro só 01:39!
Como Alice?

sexta-feira, novembro 10, 2006

Excecao

É estranho escrever excecao assim sem cedilha e tio, parece outra palavra, mas realmente desisti de configurar o teclado alemao até que alguém me ensine.
Porque brasileiro que vive no exterior é tudo meio esquisito. "Tem uma esquizofrenia identificável!" - palavras do pernambucano mais inglês que eu conheco, um verdadeiro lorde.
Considero-me e (em-me, por favor) uma excecao, com tio e cedilha.

quarta-feira, novembro 08, 2006

filmesfilmesemaisfilmes

Hoje eu vi tantos, mas tantos filmes que chego a estar zonza. Saí no meio da última sessao - coisa que eu nao costumo fazer por pura mania de querer ver tudo até o final, mesmo que esteja péssimo - porque foi demais.
Sete curtas numa sessao nao é para qualquer um. Porque assistir a sete curtas nao é a mesma coisa que assistir a um longa. A duracao pode ser a mesma, mas o impacto que sete filmes te causam é diferente do que o de um. Precisamos nos acostumar à linguagem de cada filme para comecar a entendê-lo. Se forem sete curtas muito bons entao, saio do cinema com aquela sensacao que neutraliza (aquela causada pelos filmes muito bons!!) vezes sete.
Com as pernas formigando, cá estou depois de um dia cansativo. Mas preciso muito escrever algumas coisas antes de dormir. Isso está virando mania.
Preciso comprar discos da Nina Simone, porque os da Lu ficaram com a Lu, é claro, e eu nem sequer copiei. Todas as músicas da Nina Simone me lembram tardes tranqüilas na sala, fumando um cigarro e papeando no Jardim Botânico.
Preciso rapidamente escrever sobre a história do Tolstoi que eu acabei finalmente de ler. MUITO angustiante. Tenho a impressao que os russos, a julgar pela literatura, sao os seres mais tough do universo. Deve ser o frio. Quem sobrevive àquele frio deve ser mesmo meio mutante.
Sobre o curta... melhor nem comentar se nao nao consigo dormir.
A propósito: hoje os melhores foram os curtas de terror. Espanhóis arrasando.

Interfilm

Amigo nao se conhece, se reconhece. É impressionante como com algumas pessoas essa teoria procede. Tem gente que a gente encontra e cinco minutos depois parece que é amigo de infância. Muito bom quando rola essa empatia de cara.
Fiz alguns bons amigos ontem. Engracado falar assim, mas sei que sao daqueles que pode passar o tempo, mudar tudo na minha vida que quando encontrá-los de novo, estarao ali para mim. Foi nesse novo trampo, o festival de curtas internacional aqui de Berlim da Interfilm. Apesar de alguns falarem espanhol, outros português, francês, inglês, alemao, italiano, falávamos todos a mesma língua.
A abertura do festival foi divertida. Para os padroes alemaes, um estrondo! É o maior festival que já vi - está fazendo 22 anos e sao mais de 400 curtas. Parece que maior do que ele aqui, só a Berlinale.
A festinha de abertura, depois de ter ficado esperando todos os brasileiro chegarem no hotel e dar credencial e tal foi no Volksbühne, um teatro lindo na nao menos tradicional Rosa-Luxemburg Platz. Me sinto em outro planeta nesses lugares que de tanta tradicao tem uma aura sublime! O teatro estava lotado. Numa cidade como essa que tem 700 opcoes de programacoes culturais por dia, quer dizer que o festival deve valer alguma coisa.
Os curtas escolhidos para abrir o festival foram bem heterogêneos e bacanas. Só achei estranho ter tanta animacao - parece mania por aqui. As animacoes do Bruno Bozzeto sao o máximo, adorei. E um filme mexicano chamado "O Leite e a Vaca" é lindo, certamente um dos melhores curtas que já vi. Acho que foi o que eu mais gostei (na vida!). Nao lembro o nome do diretor, infelizmente.
A única coisa chata e também muito chata da abertura foi o MALA do apresentador que parecia estar querendo fazer stand-up comedy, só que o inglês dele era péssimo e as piadinhas de MUITO MAU GOSTO. Quem contratou esse cara? No palco também estava o diretor do festival, que também fazia piadinhas, mas as dele eram engracadas. Fiquei com muito ódio do apresentador - acho que ninguém agüentava mais ele. Ele comecou o discurso assim: "Here in the poor, but sexy Berlin, we present you the 22. Interfilm Shortfilm Festival"
Nao mereco!

Depois para aplacar a raiva, vinho, champagne, cerveja.... liberados. Papos bem animados. Fui embora cedo porque acabei que fnao fui de bike e depois ia ter que esperar horas pra pegar o tram, resolvi voltar na hora que o metrô ainda funcionava.

segunda-feira, novembro 06, 2006

Eu amo tudo o que foi
tudo o que já nao é
A dor que já me nao dói
A antiga e errônea fé
O ontem que dor deixou
O que deixou alegria
Só porque foi, e vôou
E hoje já é outro dia
Fernando Pessoa, 1931

domingo, novembro 05, 2006

Berliner Nacht

Arrisco a dizer que a noite de Berlim é a melhor da Europa. A mais doida com certeza. A cidade tem mais de 150 clubs fora aqueles dos quais nao se vêem nem tijolinho no jornal, porque nao é cool ser divulgado. Além das festas divulgadas por sms a partir das 23h nas casas e fábricas abandonadas para nao ter perigo de fiscalizacao.
Mas nao é só isso. Aqui se vêem figuras que parecem que desceram uma escadinha dos anos 60 diretamente para a noite. Ontem tinha um cara que só podia ter aberto o armário de um dos Rolling Stones há quarenta anos. E também deve ter contratado o mesmo cabeleireiro.
Tinha também um sujeito dread loiro com as pupilas cobrindo todo o lindo olho azul que ele parecia ter, gritando MDMA! MDMA! na porta dos banheiros - que já nao se diferenciavam mais entre feminino e masculino.
E a noite de Berlim é mais uma prova de que o mundo é muito pequeno. Encontrei um sujeito da Geórgia, aquele país do leste de 6 milhoes de habitantes, ex- URSS...., que já foi namorado de uma conhecida minha que mora há 15 anos em AMSTERDA! Pode? Foi na casa dela que eu passei 15 dias há dois anos. Achei inacreditável!

..... Nem tudo as câmeras podem registrar.......

sábado, novembro 04, 2006

sexta-feira, novembro 03, 2006

Cores do outono


Tempos de fartura



Visita de pai podia acontecer uma vez por mês!
Deliciosos dias e noites!
Saudades....
Essas fotos foram no "Macheroni", no Helmut Holz Pltaz, do lado de casa.



quinta-feira, novembro 02, 2006

Clima invernal

O pragmatismo desse povo me assusta, provoca fenômenos em massa. Hoje, às 7h30 da manha, saio de casa já com meu Winterjacke, fazia -1 e caía uma rala neve em pleno outono. Penso: ok, o inverno aos poucos se aproxima.
Quando o S-Bahn chega, levo um susto; parecia 175 na hora do rush, quase que fiquei pra fora e tive que esperar o outro trem, como fizeram várias pessoas, porque alemao pelo menos finge que é gentil sendo civilizado. Estava já me sentindo uma sardinha em lata sem entender nada do porquê daquela lotacao, vem um alemao correndo, todo solícito, gentilmente implorando para a massa se esmagar um pouco mais porque ele precisava ir para o aeroporto. Entrou no trem com a mala na cabeca e assim ficou. Engracado isso de ficar dando satisfacoes públicas para os outros.
Entre fedores indianos, turcos e alemaes, eu pensava que diabos deveria ter acontecido. Eis que me vem a luz! Abandonaram-se as bicicletas! Uma pena, porque é um charme de Berlim. Os ciclistas agora estao nos trens e metrôs. Logo agora que eu arrumei uma mamata para trocar a minha bicicleta modelo masculino "segunda-guerra" por uma feminina no Flohmarkt no próximo domingo. Acho que vou me poupar trabalho e deixar para trocar no início da primavera!...
Depois de mais essa experiência antropológica, cheguei a uma ótima conclusao: o pragmatismo do alemao nao permite gerúndio. Aquela mania de brasileiro de dizer que está indo, aqui nao rola. Entao para que esse tempo verbal na língua? Nunca pensei que fosse sentir tanta falta de gerúndio.

quarta-feira, novembro 01, 2006

Tudo ou qualquer coisa

Nada é bom de ressaca!
(licao do dia)

quarta-feira, outubro 25, 2006

O cinema brasileiro em Berlim



No trem indo para Friedrichshain
Alice, eu e Camilo.
Só dá brasuca!

sexta-feira, outubro 13, 2006

Sputnik



"Eu vou pra lua, mamae eu vou morar lá, pego o meu sputnik no campo do Jiquiá" (Zé Ramalho)

Vista de casa. HERBSTSTIMMUNG

HERR UND KNECHT

Tentando uma traducao.....

"EXISTEM PESSOAS QUE NAO VIVEM, MAS SE DEIXAM VIVER, PORQUE PRECISAM PRIMEIRAMENTE APRENDER O SIGNIFICADO DO VIVER. ALGUM DIA TAMBÉM PERTENCI A ESSE TIPO. DEIXAVA-ME VIVER E DURANTE DIFÍCEIS, AMARGOS, LONGOS ANOS, TIVE QUE PAGAR POR ISSO COM GRANDE DOR. DAÍ ME LIBERTEI DAQUELES QUE VIVIAM POR MIM. UM MAL, ESFORCOSO E DECEPCIONANTE TEMPO DE APRENDIZADO SEGUIU-SE. E HOJE ME VI FNALMENTE, FINALMENTE ANTE A IMPORTÂNCIA DE NAO SE SER MAIS SERVO, MAS SENHOR DE SI MESMO." (Leon Tolstói em "Senhor e Servo")

domingo, julho 09, 2006

saudades do Brasil1

Coração apertado. Essas são as melhores palavras para descrever o que sinto agora. O mais estranho é as pessoas sempre indagarem o que vou fazer lá e eu não ter uma resposta objetiva. Não fui tranferida pela empresa, não estou inscrita em nenhum puta curso de pós-graduação. Simplesmente sigo em busca de sabedoria, conhecimento. Talvez a idéia seja abstrata mesmo, preciso de outras emoções talvez? Viver o diferente pra pensar diferente?
Muitos medos sim, mas nenhum deles forte o suficiente para resolver voltar atrás. O aportar em terra estrangeira e ter de recomeçar, buscar novos amigos, novos lugares, atrair novos olhares e estar longe de todos... O exercício da liberdade por que outras gerações lutaram e que agora, desfruto.

O lado bom da globalização.

......

terça-feira, junho 20, 2006

lembretes para mim mesma

"Óh céus, Óh vida!"

Filmagens terminaram, dinheiro no bolso, monografia a ser entregue depois de amanhã e dando meu jeitinho no francês. São os picos da vida, antes tava tudo na merda, agora só o que tá na merda é o amor mesmo. Vivo novamente e por isso mesmo, bravamente, mais uma desilusão amorosa. Falei para um amigo isso hoje ele me devolveu a seguinte resposta: então por que você tenta?
É. Acho que sou persistente mesmo. Preciso agora me dar ao luxo de um lindo corte de cabelo, unhas vermelhas, um japonês com direito a muito saquê. Eu mereço passear a mente.
Estou com uma idéia louca que é quase uma obsessão de um curta baseado nos quadros de um pintor contemporâneo. O cinema de poesia está me instigando. Para não perder o costume de organizar o tempo livre, lembro a mim mesma dos meus afazeres "obrigatórios":
- fazer fotos pb com meu novo filtro sépia.
- pesquisar pintor para o roteiro do curta.
- ler Olho Interminável de Jacques Aumont.
- fazer compras de supermercado
- comprar presente para Paulinha
Fico imaginando se algum dia alguém por ventura descobre o endereço deste blog................................................................................................

segunda-feira, maio 22, 2006

o grito!

Acabei de ler uma crônica sobre o tempo e como esse é um assunto que me aflinge, fiquei pensativa. Hoje em dia se compra tempo livre. Trabalhador que rala não tem tempo, precisa trabalhar ais e mais para se sustentar e não lhe cabe o tempo livre. Uma loucura. Penso então que indo morar em Berlim posso ter acesso a esse luxo, o tempo! Para ver exposições, ir ao cinema, andar no parque. Delícia!
Por enquanto estou lutando contra aquilo de que menos disponho hoje em dia: o tempo. Entrega da monografia em menos de três semanas, primeira - e única! - assistência de uma filmagem de 20 dias, trampos extras, curtas que nunca deixam de existir e o maldito francês que não sei pra quê eu resolvi encarar neste semestre que a princípio parecia tranqüil0, mas nunca é. Afff!
Para completar, mais desilusões amorosas! Tempo de filminhos para alegrar a vida.
Estou me deleitando com Bressane...

domingo, abril 09, 2006

"São tantos jogadores nessa mesa, dando as cartas..."

Terrível a sensação de ter várias coisas começadas e deixadas pela metade. Maravilhoso o sentimento de ter entregue, completo, terminado, editado, finalizado e ponto. Às vezes passo para minha vida o processo de feitura de um filme, longo, demorado...
Não dá. O alívio traz felicidade. Lembro de quando era criança e minha tia tinha um quadrinho com o desenho do Snoopy com a máxima: "Não deixa para manhã o que pode fazer hoje." Nunca mais esqueci e desde então tento seguir essa quase filosofia de vida. Mas nos últimos tempos tenho sido acometida por uma enorme preguiça de fazer coisas chatas. ENORME. Preciso voltar às minhas listas de afazeres por semana. Disciplina é o que me falta. E tenho me culpado por dormir demais.

Coisa louca essa culpa que carrego pela educação semi (mas muito semi mesmo) cristã que eu tive...........

domingo, março 19, 2006

Em defesa da arte contemporânea.

O que vou escrever aqui agradeço muito especialmente à minha amiga Ciça, que por tanto brigar comigo quando visitávamos as salas de galerias e museus de arte contemporânea na Europa, me fez refletir.
"- Mas, Ana, como eu posso considerar arte um tênis sujo jogado no meio de uma galeria?" Eu tentava convencê-la de que aquilo era arte sim, mas me faltavam argumentos, fundamentos que tornam-se mais claros agora, que estão escritos. A psicanálise, surgida no século XIX, começou a quebrar o conceito de que somos seres únicos, indivisíveis, essa idéia renascentista de que somos interios e que nos fez criar fachadas. Tudo o que o artista contemporâneo faz é relativo e acaba por afirmar este novo conceito do sujeito - ser divisível. A falta da unidade estilística dos artistas de hoje e a mudança da noção de autoria vêm a contribuir com isso. Pequenas intervenções que mudam a sensibilidade comum, que é mais laica, mais voltada para as pequenas coisas.
Uma gelatina vermelha na luz que ilumina o Cristo Redentor, uma placa "Sorria, você está na Barra", colocada no meio do centro da cidade. Pequenas mudanças num cotidiano que viram notícia. è o que o mundo busca, hibridização, contaminação, mudança de estilos.

Nossa! Desculpem o academicismo pra falar de arte.

...

sábado, março 11, 2006

Parece que o novo conceito que se tem do homem, o mais "contemporâneo" deles, é o de que não somos mais considerados indivíduos, mas "divíduos" porque a cada hora somos uma pessoa diferente, podemos ser vários ao mesmo tempo, sempre divisíveis e não seguimos com a mesma personalidade, o mesmo estilo, como acreditavam os renascentistas. Enterramos Aristóteles. Uma parte de mim é pecado e a outra, você. Mais ou menos isso.

Identifiquei-me de cara com esse tal novo conceito, adorei. Acho que qualquer um se identifica. Mas eu fiquei feliz mesmo, porque sempre fui injustamente acusada pelas minhas amigas - aquelas chatas, que crescem juntamente com a gente, têm muita intimidade e acabam ficando meio irmãs, implicantes - de que eu tinha a cada hora uma personalidade. Segundo elas, já fui marombeira, intelectual, patricinha, porra louca, hippie, de tudo um pouco. E isso não me incomoda, nem um pouco. Gosto de estar aberta para o novo.

...

Muito difícil viver em sociedade. Ter que aturar as pessoas enchendo a paciência o tempo inteiro! Ser simpática, diplomática, falar oi para todo mundo, a cada cinco metros e minutos encontrar um conhecido nesse balneário a que se resume a sociedade do Rio de Janeiro.

Tá cada vez mais down no high society...

...
Parece que o novo conceito que se tem do homem, o mais "contemporâneo" deles, é de que não somos mais considerados indivíduos, mas "divíduos" porque a cada hora somos uma pessoa diferente, podemos ser vários ao mesmo tempo, sempre divisíveis e não seguimos com a mesma personalidade, o mesmo estilo, como acreditavam os renascentistas. Enterramos Aristóteles. Uma parte de mim é pecado e a outra, você. Mais ou menos isso.

Identifiquei-me de cara com esse tal novo conceito, adorei. Acho que qualquer um se identifica. Mas eu fiquei feliz mesmo, porque sempre fui injustamente acusada pelas minhas amigas - aquelas chatas, que crescem juntamente com a gente, têm muita intimidade e acabam ficando meio irmãs, implicantes - de que eu tinha a cada hora uma personalidade. Segundo elas, já fui marombeira, intelectual, patricinha, porra louca, hippie, de tudo um pouco. E isso não me incomoda, nem um pouco. Gosto de estar aberta para o novo.

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Muito difícil viver em sociedade. Ter que aturar as pessoas enchendo a paciência o tempo inteiro! Ser simpática, diplomática, falar oi para todo mundo, a cada cinco metros e minutos encontrar um conhecido nesse balneário a que se resume a sociedade do Rio de Janeiro.

Tá cada vez mais down no high society...

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